COMO APRENDEMOS? 

O nosso cérebro capta informações através da visão, da audição e dos sentidos (tato, olfato e paladar). Cada aluno tem uma forma de captação maior ou menor em seus diversos sentidos. Com base nestas formas, podemos classificar os alunos em em do tipo visual, auditivo, cinestésico e digital. Vamos descobrir qual sua forma de aprender?

VISUAL

Você se preocupa com a aparência das suas roupas ou do seu cabelo? Você repara em detalhes? As coisas que não combinam ou que estão fora do lugar te incomodam? 

Um aluno assim precisa “ver” a coisa para compreender e aprender. Não basta conversa, não basta raciocinar ou uma boa explicação. Visuais precisam ver para compreender. 

Como aprender melhor? 

Estude com muitas apostilas ilustradas e vídeos. Durante a aula, olhe bastante para a lousa, mentalize-a. Faça resumos, mapas mentais, gráficos. Utilize cores e marcadores fluorescentes. 

AUDITIVO

Você se distrai fácil com sons do ambiente? Você adora conversar e contar histórias? Você gosta de fazer perguntas para o professor? O barulho das coisas pode te incomodar? 

Alunos auditivos precisam ouvir, escutar. Responde melhor a um estímulo auditivo do que aos demais. Em sua postura pode parecer estar virando o ouvido para ouvir melhor.

Como aprender melhor? 

Dê preferência para conteúdos que você consiga ouvir. Estude em ambientes calmos e sem ruídos. Leia trechos dos livros em voz alta ou grave a sua própria voz falando a matéria. Procure não perder a concentração durante a explicação do professor. 

CINESTÉSICO

Você toca nas pessoas enquanto fala? Você é expressivo com o rosto e gesticula bastante? Você tem uma boa coordenação motora? 

Os alunos cinestésicos captam informações através das sensações. Eles precisam sentir, provar, tocar.

Como aprender melhor? 

Procure métodos de estudo que aguçam os seus sentidos através de tentativa e erro. Prefira conteúdos práticos ou conteúdos que sejam possíveis colocar “a mão na massa”. Explique o que você aprendeu para outra pessoa ou para você mesmo. Relacione assuntos com odores e gosto. 

DIGITAL OU POLIVALENTE

Você sempre tenta encontrar a lógica de situações? Você analisa possibilidades antes de tomar uma decisão? Você é bom em resolver problemas? Você tem facilidade em matemática? Não entender algo te incomoda? Você conversa com você mesma com frequência? 

Um aluno assim tem uma captação equilibrada a visão, a audição e os demais sentidos. Sua característica é a de ser introspectivo no sentido de se tocar ou falar sozinho e quer explicar tudo. 

Como aprender melhor? 

Combine os diversos modos de captação sensorial. Acima de tudo, faça! Prepare aulas, escreva, fale, faça resumos, exercite, pratique. 

Entender esses sistemas servem para que você descubra como você pode aprender melhor e, ao mesmo tempo, desenvolver os seus outros sentidos.

EXISTE FÓRMULA PARA O AMOR?

Já começo avisando que se eu soubesse responder à pergunta inicial, eu não estaria escrevendo sobre isso em um sábado à noite… Calma! Não, não vá embora amorzinho! Posso não ser uma especialista em romance, mas sou uma pesquisadora e alguma coisa podemos aprender sobre o tema! Vamos começar!

É claro que os gregos tentaram explicar de alguma forma a paixão. Na mitologia grega acreditava-se que o amor era uma espécie de energia cósmica que fazia com que os seres humanos fossem atraídos uns pelos outros. O responsável por fazer essa união era o Cupido. Esse deus era descuidado e fazia muitas estripulias, muitas confusões. 

A obra Sonho de uma noite de verão de William Shakespeare explica que a flecha usada pelo cupido é eficiente por causa de uma plantinha chamada Amor Perfeito. O livro também indica que colocar um pouco do suco dessa flor nas pálpebras de alguém dormindo faria com que essa pessoa se apaixonasse perdidamente pelo primeiro ser que visse ao acordar. 

Eu tive que continuar a pesquisa, afinal, não posso indicar que meus leitores fiquem espremendo suco de flor nos olhos de ninguém. 

A mitologia e a literatura tentam explicar as paixões.  Simpatias – como colocar o santo Antônio de castigo ou espremer suco nos olhos alheios – tentam manipular as paixões. Mas, e a ciência? Como a ciência explica esse estado momentâneo de demência? Existe alguma fórmula pro amor? 

Para começar, se você está apaixonado,saiba que o que você está sentindo não é coisa da sua cabeça! Mas também é! Isso porque o Amor é um  fenômeno neurobiológico complexo, baseado em atividades cerebrais diversas. 

Quando você sofre uma desilusão amorosa, a sensação é equivalente a privação de anfetamina como humor deprimido. Em contrapartida, quando você está diante de um amorzinho correspondido, a sensação é equivalente a ingestão de anfetamina: aumento de energia, falta de fome e sono, consciência aguçada.

AS FASES DO AMOR ROMÂNTICO

A antropóloga Helen Fisher a partir de seus estudos sobre bioquímica indicou as 3 fases do amor romântico. Quais são elas?  

1° fase do desejo: é desencadeada pelas nossas hormônios sexuais – a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres. São tais hormônios que tornam o nosso cérebro interessado em parceiros sexuais.  

2° fase da atração:  é a paixão em si.  Nesse momento somos guiados por compostos químicos denominados neurotransmissores. Nessa fase sentimos falta de concentração, mãos suadas, falta de clareza, perda de apetite. 

3° fase de ligação: amor sóbrio. Caso o seu lance dure um pouco mais você conseguirá chegar nesta fase. A oxitocina é uma espécie de hormônio do “carinho” ou do “abraço”. Esse neurotransmissor atua em regiões cerebrais cuja função está associada com emoções e comportamentos sociais. 

Em animais, a oxitocina contribui para a união d casal e atua diminuindo as resistências à aproximações Este hormônio também é liberado durante o ato sexual. 

A CULPA É DOS GENES!

Sob o ponto de vista científico, as interações amorosas têm um objetivo bem menos romântico: garantir a continuidade da espécie. Depois que a paixão passa, é comum olhar para o ex objetivo de desejo e se achar meio idiota pela escolha. Por mais que seu ex-namorado seja um babaca, biologicamente é bem provável que a escolha faça sentido. Tendemos a escolher parceiros cuja combinação genética seja a melhor possível para os descendentes. 

Outro exemplo disso é o Complexo de Histocompatibilidade Principal que afirma que todos nós procuramos naturalmente alguém com um sistema imunológico diferente do nosso, para conseguir que os filhos tenham o benefício de ambos os sistemas. No fundo, quando nos sentimos atraídos por alguém, pode ser apenas porque gostamos dos genes dessa pessoa. 

Este texto é uma adaptação do roteiro criado para o maravilhoso podcast Intervalo de Confiança. Confira o episódio!

https://intervalodeconfianca.com.br/2021/06/10/ic-41-existe-formula-para-o-amor/

Quais as falácias usadas nas Pseudociências?

Nas redes sociais, somos bombardeados com informações no mínimo questionáveis relacionadas à alimentação, remédios milagrosos, misticismo quântico,  negação de mudanças climáticas e diversos outros temas.

Muitas dessas informações são baseadas em pseudociências: afirmações e teses que dizem apresentar argumentos “científicos”  para ganhar alguma credibilidade, mas se baseiam mesmo em confusões, equívocos ou falácias. 

Esse fenômeno ocorre pois a ciência desperta um sentimento de respeito e admiração. No entanto, várias pseudociência também produzem algum efeito semelhante. As pseudociências ocupam lacunas que não são ocupadas quando a ciência não é bem entendida e divulgada (estou aqui para ajudar nesse problema!) 

Neste texto divulgaremos algumas falácias e algumas argumentações típicas usadas em pseudociências. Este é apenas um recorte, afinal, as possibilidades – e a imaginação humana – são infinitas! Vamos começar! 

ARGUMENTUM  AD HOMINEM

Você já presenciou uma discussão onde os oponentes criticavam o adversário ao invés de focar no argumento em si? Pois é! Nesta situação você está diante da famosa falácia Ad Hominem. Como ela pode ser usada em pseudociências? 

Imagine que você decidiu entender a cabeça de um terraplanista e foi bater um papo com ele… É bem provável que ele diga que um grupo de pessoas inescrupulosa e malvadonas escondem de toda a humanidade que a terra é plana. 

ARGUMENTUM AD VERECUNDIAM – ARGUMENTO DE AUTORIDADE

Já conheceu aquela galera que adora criticar especialistas em algum assunto mas citam alguma autoridade sempre que é conveniente? Em uma discussão quando recorremos à reputação de alguma autoridade para validar alguma ideia estamos diante do Argumento de Autoridade. 

Você já deve saber que aprender mecânica quântica não é a parada mais simples do universo. Mas tem muito coach por aí que adora citar Einstein, Schrödinger ou qualquer outro cientista para embasar umas práticas nem um pouco científicas como cura quântica, coach quântico, ou sei-lá-o-que quântico. 

EVIDÊNCIA SUPRIMIDA 

Agora vamos pra parte polêmica e bastante atual. Eu tenho certeza de que você presenciou alguém citando um dado individual para confirmar algum ponto de vista. O problema é que vários outros casos e dados que contradizem o ponto de vista defendido são ignorados. 

Você aí deve ter um tio… Aquele tio que adora enviar notícias falsas pra todo mundo. Provavelmente, esse parente mandou todo mundo tomar Cloroquina, pois “fulano tomou e se recuperou da Covid”. Ora, a maior parte dos infectados consegue se recuperar. Como o seu tio tem tanta certeza de que a causa da recuperação foi justamente o tal remédio sem eficácia comprovada? E o resto dos pacientes que tomaram Cloroquina e morreram, eles não contam? E a maior parte da população que não tomou nada e sobreviveu, também são ignorados? São sim, é falácia!

A ciência das Bebidas Alcóolicas

Você aí, que toma uma cervejinha de vez em quando, não deve saber, mas as bebidas alcoólicas estão presentes na história da humanidade desde a antiguidade. Olha só… 

Um pouco de história 

Ainda na pré-história, provavelmente, tivemos nosso primeiro contato com o etanol proveniente da fermentação natural de frutas. Se, no trânsito, você já teve a impressão que estava ao lado de um primata bêbado, saiba que este pode não ser um fenômeno atual. 

Na Grécia Antiga, consumia-se vinho – produzido a partir da uva –  e cerveja – feita com cevada. O pessoal associava os efeitos das bebidas a fenômenos sobrenaturais. O vinho, em especial, era ligado ao deus Dionísio, também conhecido como Baco. Ele proporciona efeitos como potencial para se livrar de limites sociais, determinado prazer e vitalidade. No entanto, havia ainda um lado trágico: sua presença violava certa moralidade e apresentava-se, em muitas ocasiões, de maneira violenta e trágica.

Ao longo dos séculos, diversas bebidas foram criadas a partir de métodos múltiplos. E todos envolvem alguma compreensão técnica e científica. Apesar de toda essa variedade, as bebidas alcóolicas mantêm em comum a concentração de etanol em maior ou menor percentual. Nós temos até uma bebida de origem brasileira e feita com cana-de-açúcar: a cachaça (nosso patrimônio nacional). 

Representação de uma molécula de etanol

Bebidas alcóolicas podem ser consideradas alimentos? 

É comum que o pessoal encha a cara e não se alimente direito. Uma questão interessante é: qual o valor nutricional da bebida alcoólica? Essas bebidas apresentam sim valores calóricos, no entanto, a cachaça, o vinho e a cerveja, por exemplo, contém quantidades insignificantes de vitaminas e sais minerais. Além disso, o álcool ainda atrapalha a absorção pelo nosso organismo de outros nutrientes, como aminoácidos, vindos de proteínas. Ou seja, as bebidas podem até ser consideradas ‘alimentos’, mas não são eficientes e ainda atrapalham a absorção dos outros. 

Como as bebidas alcóolicas agem no nosso organismo?

As bebidas alcoólicas são consideradas drogas depressoras do sistema nervoso central (SNC). De maneira simplificada, elas diminuem a transmissão de sinais nervosos causando distúrbios nas capacidades de percepção e habilidades. Entre outras sensações, as bebidas causam euforia, relaxamento e diminuição de reflexos. 

Podemos considerar que as bebidas também causam ligações para o ex, interesse por pessoas pouco atrativas quando estamos sóbrios, hematomas provenientes de tombos cuja dor só é sentida no dia posterior, alguns micos involuntários, isso para só ficar na parte engraçadinha. 

O álcool não afeta apenas o sistema nervoso e a digestão de nutrientes. Em nosso fígado, o etanol altera a produção de enzimas que direciona seus esforços prioritariamente para a metabolização do etanol. Este processo pode gerar desde inflamações, hepatite hepática e até cirrose. Além disso, o seu consumo pode elevar a produção de adrenalina que aumenta a circulação sanguínea e, consequentemente, os batimentos cardíacos. 

Bebidas alcóolicas e a sociedade 

Como mencionado acima, o consumo desenfreado de bebidas alcoólicas provoca danos à saúde dos indivíduos, mas também prejudica  toda sociedade como em casos relacionados ao trânsito. O Relatório Global sobre Álcool e Saúde de 2018 afirma que aproximadamente 36,7% dos acidentes de trânsito envolvendo homens e 23% envolvendo mulheres esteve ligado ao álcool.

Por fim, as bebidas podem ser um alívio ou o início de grandes problemas. O seu consumo deve ser racionalizado por todos e evitado por adolescentes. 

Qual a semelhança entre o álcool em gel, as bebidas alcóolicas e o álcool combustível?

Ao tomar uma cervejinha, abastecer o carro ou desinfectar as mãos, estamos em contato com diversos materiais chamados genericamente de álcool. Qual será, meu caro leitor pandêmico, a diferença entre esses materiais? E quais as semelhaças?

Spoiler: todos os materiais citados acima possuem em sua composição a substância etanol.

Seria bem legal se aprendêssemos mais sobre álcool em gel, por exemplo, em química orgânica ao invés de gastarmos a maior parte do tempo memorizando fórmulas e nomenclaturas de maneira totalmente descontextualizada.

Em nosso cotidiano usamos os termos bebida alcoólica, etanol e álcool como sendo sinônimos. Na linguagem científica esses vocábulos apresentam significados diferentes. O álcool é uma classe de compostos orgânicos que apresenta como característica uma hidroxila (-OH) ligada a um átomo de carbono saturado. 

O metanol, por exemplo, é um álcool com apenas um átomo de carbono saturado ligado a um grupo -OH. Mas, hoje, ele não é nosso protagonista. Sigamos! 

Propriedades químicas do etanol

De forma simplificada, o etanol possui dois átomos de carbono ligados a uma hidroxila. Esse foi um dos primeiros compostos a ser preparado e purificado e está presente em diversas atividades até hoje como bebidas alcoólicas, combustíveis e reagentes intermediários de diversas reações na indústria. 

Em relação às propriedades físicas do etanol, devido a sua estrutura que possibilita interações do tipo ligação de hidrogênio, possuem pressão de vapor e volatilidade relativamente baixas. Além disso, o etanol é altamente solúvel em água. 

Representação da molécula de etanol

Materiais que apresentam etanol em sua composição 

O etanol é considerado uma substância, no entanto as moléculas de etanol podem estar presentes em diferentes materiais. No álcool combustível, as moléculas de etanol estão misturadas com água. Nas bebidas alcoólicas há um percentual de etanol misturado à água, açúcar, substâncias que dão cor e cheiro artificialmente. No caso do álcool em gel, além do etanol há outras substâncias que auxiliam na produção do gel.

Ao longo da semana, falaremos um pouquinho sobre cada um dos materiais citados acima. 

Homenagem aos mestres

É uma honra fazer esta homenagem, pois os professores foram essenciais na minha trajetória. 

Em casa, gritavam e xingavam muito, então, era comum ir pro quarto e chorar até dormir. Sozinha.

A escola era um refúgio. 

Eu me lembro de quando o professor Paulo Z apontou pra mim e disse: “Vocês estão vendo aquela menina? A Universidade de Brasília quer aquela menina!” Vários professores repetiam que a universidade pública era feita para alunos de escola pública. Ou seja, pra mim. 

Passei manhãs, tardes e noites lendo os livros, sozinha. Este aqui ficava embaixo da minha cama. Ele se chama Química e Sociedade.  De alguma forma, o livro mostrava como os conceitos científicos e a química poderiam ser usados para transformar o mundo em um lugar melhor. Depois eu descobri que ele foi escrito por professores do IQ com os quais trabalhei e mudaram minha vida.

PASSEI! Meu pai achou que era um sorteio, meu irmão pediu para eu olhar direito e minha mãe pediu pra desistir porque a “UnB não era pra pobre”. 

Eu sabia que era meu lugar porque meus professores me disseram. 

Comemorei sozinha. 

Esta história não é sobre vilões e mocinhos. Esta é uma história sobre professores e sobre como a educação pode ajudar a diminuir a desigualdade social. 

Na universidade, lidei com profissionais extremamente competentes. 

Professores que passaram sua vida inteira se dedicando à ciência. Eles eram como minha fonte de luz na escuridão. Ou uma fonte segura na internet.

Esta noite, estou orgulhosa dos meus professores, dos meus amigos, da educação básica laica, gratuita e universal, da universidade pública. 

Depois de algum tempo, passei a ter orgulho de mim também. A melhor parte de mim é professora e eu devo isso aos meus mestres. 

Eu percebi que eu nunca estive sozinha. A professora que eu sou é colcha de retalhos. Formada por todos vocês: 

  • Sou formada pelas aulas inspiradoras do Fonsceca e do Júlio. 
  • Aqui tem o jeito que a Renata me olhava, como se eu fosse gente. 
  • Aqui tem a beleza de sair depois de uma aula do Bob, chegar em casa meia noite e querer estudar mais. 
  • Sou formada pela aula do Gauche que me fazia ter fé na vida. 
  • Sou formada por quando eu disse “Elaine, quero fazer a prova substitutiva” e ela respondeu “E eu quero saber se você está bem. Vamos ali tomar um suco!”
  • Aqui tem a Jenifer me dizendo que meu valor é intrínseco e independe da minha nota em física.

Ah, eu sei exatamente onde o Instituto de Física fica – na minha barriga. Em física 1, eu desenvolvi a compulsão alimentar e essa parte aumentou bastante. Não peçam menção honrosa ao Instituto de física, afinal, tudo tem limite. 

Enfim, queridos professores, eu gostaria de dizer que o que vocês fizeram por mim eu irei passar adiante. Já o fiz com o meu tio Zé. Ele fazia fretes com uma carroça. Estudamos todos os dias até que ele completasse o ensino médio. Ele continua fazendo frete – com seu carrão. 

Ou o meu aluno com deficiência intelectual. Estávamos estudando e ele falou que se sentia sozinho desde que o pai dele tinha morrido. Eu disse que não. Eu estava com ele. Todos os dias ele passava na coordenação e me desejava: “bom dia”

Por fim, eu gostaria de deixar um recado aos professores e estudantes que enfrentaram a pandemia com choro, dedicação e brigadeiro. Eu sei que na sua casa, olhando pro computador pode parecer, mas VOCÊS também NÃO ESTÃO SOZINHOS! 

Obrigada!

Frankenstein e a Eletricidade

O livro Frankenstein foi escrito pela britânica Mary Shelley e publicado em 1818. Esta é considerada uma das precursoras da literatura de horror e ficção científica. A obra foi escrita em um momento histórico em que o mundo vivia sob a influência de inovações como a Primeira Revolução Industrial e o advento da eletricidade. Além disso, foi influenciada pelo movimento literário denominado romantismo.

Para evitar grandes spoilers, focaremos apenas em um trecho em que o estudante de ciências da natureza – Victor Frankenstein – consegue dar vida a um monstro criado com a junção de restos de seres mortos. Ah, ao contrário do que muitos pensam, Frankesntein não é o nome do monstro e sim de seu criador. 

O trecho abaixo mostra o momento em que a criatura foi concebida. Observe o termo “centelha” que pode ser interpretada como uma descarga elétrica. 

“Foi numa noite lúgubre de novembro que contemplei a realização de minha obra. Com uma ansiedade que quase chegava à agonia, recolhi os instrumentos a meu redor e preparei-me para o ponto culminante do meu experimento, que seria infundir uma centelha de vida àquela coisa inanimada que jazia diante dos meus olhos. A chuva tamborilava nas vidraças. Então, deu-se o prodígio.”

Antes de nos atentarmos ao trecho, você já deve ter ouvido falar de personagens fictícios que ganharam superpoderes em algum acidente envolvendo a radioatividade. Isto ocorre por que, nas últimas décadas, a radioatividade era uma área incompreendida por muitos e com grande potencial de gerar acidentes.  De forma semelhante, a eletricidade era um fenômeno muito novo quando o livro foi escrito. A maior parte das pessoas desconheciam os mecanismos elétricos e o desconhecido costuma gerar angústia, medo, etc.

É possível ver isto hoje em dia nas teorias malucas e sem embasamento criadas por pessoas que desconhecem o funcionamento de vacinas por exemplo. Portanto, com grande potencial de amedrontar ou com mecanismos desconhecidos.

Voltando para a eletricidade! O cartaz abaixo é amplamente divulgado em redes sociais e mostra uma espécie de propaganda anti-eletricidade. A imagem ilustra além dos fenômenos elétricos uma espécie de campanha contra o que conhecemos como corrente alternada. Curiosamente, está presente em nossas casas sem o menor alarde. 

Desde a publicação desta obra, descobriu-se muito sobre os fenômenos elétricos. Não dá mais para não sabermos, não é? Vamos lá! A eletricidade é uma parte da física que estuda fenômenos relacionados ao fluxo de cargas elétricas. 

De maneira simplificada, podemos afirmar que todos os corpos são constituídos por átomos. Estes, por sua vez, possuem prótons (partículas positivas), elétrons (partículas negativas e nossos protagonistas)  e nêutrons (sem carga). A corrente elétrica nada mais é do que elétrons em movimento através de fios de certos metal – escolhidos por serem bons condutores.

A energia elétrica é produzida em usinas elétricas. Pode-se usar, para sua produção, a força mecânica das águas ou a combustão de gás natural, por exemplo. No final das contas, utilizamos eletricidade das mais diversas formas em nosso dia-a-dia, seja para ler este texto, tomar um banho quentinho ou stalkear quem não deveríamos. 

Então, de forma geral, temos um belo escrito de uma mulher em uma época de isto não era muito comum. Um livro onde o desconhecido ou recentemente descoberto  foi usado como um elemento para gerar o terror e para construir uma empolgante narrativa. 

O Sol

“Tem dias que o sol vai embora
Tem noites que não tem aurora
Às vezes ele fica no Japão
E só volta quando chega o verão"

O sol 
Arnaldo Antunes 
"Here comes the sun, here comes the sin
And I say it´s all right"

Here Comes The Sun 
The Beatles 

O Sol, esta esfera brilhante e dourada, é responsável por inspirar tanto poetas quanto cientistas há milhares de anos. O Sol é a estrela do nosso sistema solar e tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos. 

Desde o início da humanidade, o Sol gerou curiosidade e até certa devoção. Isto fica implícito ao estudarmos culturas antigas. Na mitologia egípcia, a principal divindade adorada era o Deus Sol ou Rá. Ele é conhecido como a principal divindade devido à já reconhecida importância desta estrela para a vida na terra.  Na mitologia grega também há um deus que representa o Sol e seu nome é Hélios. Ele era frequentemente ilustrado uma auréola de raios dourados conforme a imagem abaixo.

Qualquer devoção a este astro é amplamente justificável também do ponto de vista biológico. Através da  fotossíntese, seres autotróficos convertem a energia solar em energia química. Este processo se inicia quando plantas ou algas captam a luz solar e, através de diversas etapas, ocorre a produção de compostos orgânicos. Os herbívoros se alimentam das plantas, os carnívoros se alimentam de herbívoros e assim se sustenta toda a cadeia alimentar que conhecemos. Tudo começa com a energia proveniente do Sol. 

Para diversas civilizações o Sol era um mistério, mas o que a ciência já descobriu sobre ele? Bom, o Sol é a estrela mais próxima da terra e mesmo assim se encontra a aproximadamente 150 milhões de km do nosso planetinha.  A sua composição é de, aproximadamente, 74% de hidrogênio, 24% de hélio e alguns outros elementos. 

Muitos pensam que o Sol é uma espécie de bola de fogo, no entanto, a combustão necessita de oxigênio e a reação que ocorre em seu interior é bastante diferente. No interior deste astro ocorre uma reação denominada fusão nuclear. A fusão nuclear ocorre quando dois átomos de hidrogênio se fundem formando um átomo de hélio e liberando uma enorme quantidade de energia. 

O processo de fusão não ocorrerá infinitamente e o Sol já tem uma data para “morrer”, isto acontecerá em aproximadamente 7 bilhões de anos. O Sol se transformará em uma estrela anã e sem brilho quando não existir mais hidrogênio suficiente para que a fusão ocorra. Até que falta bastante tempo, não é mesmo?

Até lá, é bom aproveitar o dia, o Sol, a vida.

A QUÍMICA DO CAFÉ

Você acordou e não está sentindo a mínima vontade de sair da cama? Ou precisa estudar mas sente que precisa de algo pra ficar alerta? Provavelmente você já conhece uma deliciosa solução para estas situações: um cafezinho! Vamos aprender um pouco sobre esta delícia!

Um pouco de história

O café possui um papel importante para a agricultura e comércio brasileiros. Em determinada época, áreas que eram ocupadas por cana-de-açúcar passaram a ser ocupadas por cafeeiros. O café influenciou até mesmo a abolição da escravidão no Brasil – que ocorreu anos depois de outras nações. A forte influência dos cafeicultores atrasou o fim da escravidão no país, pois os mesmos demandavam a mão de obra escrava. 

Esta deliciosa bebida não influenciou apenas capítulos tristes de nossa história, muitas estradas de ferro e portos importantes tem sua construção associada ao comércio do café. A miscigenação também, com o final da escravidão, milhares de novos imigrantes de várias partes do mundo vieram para o país trabalhar em cafezais.

Métodos de separação

A preparação de um cafezinho envolve muita química! Em especial, podemos citar dois métodos de separação: filtração e extração. A extração consiste em retirar algumas substâncias do café através da passagem de água quente pelo pó de café, algumas substâncias são arrastadas e outras não, por causa das diferentes solubilidades. A filtração é a passagem do líquido por uma barreira – filtro de papel ou de pano – onde parte da água com extratos obtidos do café passam pelo filtro e o resto fica retido. 

A cafeína

O grão torrado de café possui uma composição complexa com mais de 2000 compostos químicos. Dentre tantos compostos, a cafeína (figura 1) – cujo nome científico é 1,3,7-trimetilxantina – é uma das substâncias mais importantes e age como psicoativo. Além de grãos de café, encontramos a cafeína em em folhas de chá, fruto do cacaueiro, sementes de guaraná  entre outros vegetais.

Representação de uma molécula de cafeína

Você se sente melhor ou menos cansado depois daquele cafezinho? Em determinadas doses, apresenta como efeito uma melhora na performance cognitiva e psicomotora. Isto é, além de uma diminuição da sonolência e cansaço, o usuário moderado apresenta melhoria na concentração, estado de alerta, etc. 

A cafeína é uma droga psicoativa, isto é, que age no sistema nervoso central de maneira temporária. Ao contrário de outras drogas, a cafeína e bebidas que a possuem em sua composição é uma droga liberada em quase todas as regiões do mundo. 

O efeito da cafeína no cérebro

A explicação mais aceita para o funcionamento da cafeína indicam que a mesma bloqueia o efeito da adenosina no cérebro e em outras partes do corpo. A adenosina pode induzir o sono. A adenosina é uma espécie de mensageiro liberado pelos neurônios. Ela diminui a taxa de descargas nervosas espontâneas, torna mais lenta a liberação de outros hormônios e isto pode induzir o sono. A cafeína impede a adenosina de exercer seu papel normal de nos fazer dormir. 

Cuidados

O excesso de cafeína é tóxico, uma dose de cerca de 10g pode ser fatal. Embora para ingerir toda esta quantidade é necessário tomar algo entre 55 e 125 cafezinhos. Portanto, a intoxicação é extremamente improvável. Agora, você já experimentou ficar um dia inteiro sem café? Por ser viciante, a abstinência causa dores de cabeça, fadiga, sonolência e até náuseas. Você já ouviu alguém falar que está com dor de cabeça por não tomar café? Provavelmente é por isto mesmo… O lado bom é que se você quiser parar de ingerir este psicoativo após uma semana sem cafeína, o organismos já está considerado limpo. 

O meio ambiente brasileiro também foi influenciado pelo cultivo deste grão, a plantação de monoculturas envolve a queimada de uma enorme área antes ocupada pela vegetação e fauna nativa. Uma monocultura exaure o solo rapidamente, necessitando assim de outras áreas para continuar sua plantação. A vegetação nativa leva anos para se regenerar e o solo pode sofrer diversos processos como a erosão. 

Bibliografia

Le Couteur, Penny, and Jay Burreson. “Os botões de Napoleão.” Tradução de Maria Luiza X. de (2006).

Alves, Rita C., Susana Casal, and Beatriz Oliveira. “Benefícios do café na saúde: mito ou realidade?.” Química Nova 32.8 (2009): 2169-2180.

Agrotóxicos e Química Orgânica

O conhecimento científico não possui como única função auxiliar os estudantes em grandes exames nacionais. O conhecimento sobre certas substâncias químicas utilizadas em nossos alimentos pode prevenir doenças e o desconhecimento pode provocá-las. Uma sociedade regida por dados científicos pode fazer escolhas alimentares e até mesmo políticas melhores para toda a sociedade.

Os agrotóxicos são produtos químicos, muito utilizados na agricultura, cuja finalidade é modificar a composição da flora e da fauna para a eliminação de seres considerados nocivos. Tais produtos podem ter propriedades fungicidas (combatem fungos), herbicidas (combatem ervas daninhas), inseticidas (combatem insetos), raticidas (combatem roedores) etc. 

Muito se discute acerca dos efeitos positivos e negativos do uso de tais produtos. Por um lado, a utilização de agrotóxicos pode aumentar a produção dos alimentos e consequentemente sua distribuição para a enorme população global, por outro lado, o seu uso inadequado ou pode causar diversos danos à saúde.

Muitos agrotóxicos podem conter em sua composição substâncias pertencentes à função dos Haletos Orgânicos. Estes compostos são derivados dos hidrocarbonetos e possuem a substituição de um de seus hidrogênios por um átomo de um Halogênio – o Flúor (F) , Cloro (Cl), Bromo (Br) e Iodo (I). 

Após a segunda guerra mundial, um inseticida conhecido como DDT cujo nome científico é Dicloro-Difenil-Tricloroetano começou a ser utilizado. Além de combater insetos, este agrotóxico era usado no contra doenças contra a malária e febre amarela. Poucas décadas depois, o uso do DDT foi proibido por, entre outros motivos, interferir na flora e fauna, contaminar mananciais, animais e peixes. A imagem 2 ilustra a estrutura do DDT, como vocês podem verificar, trata-se de um Haleto Orgânico. 

Imagem 2: estrutura do DDT.

O BHC, também chamado de benzenohexaclorado ou 1,2,3,4,5,6-hexacloro-cicloexano, é usado como fungicida para, entre outras funções, proteger sementes de cebola e trigo. O seu uso pode prejudicar o sistema endócrino, imunológico e nervoso. Além de prejudicar fígados rins e provocar câncer. Apesar deste agrotóxico ser proibido, uma reportagem feita pela EBC em 2018, por exemplo, mostra que o governo do Paraná ainda segue recolhendo estoques de tais produtos. 

Imagem 3: estrutura do BHC

Há diversos outros agrotóxicos tendo sua toxicidade ou eficiência investigada. É importante sempre procurar substâncias que sejam menos nocivas ao meio ambiente e aos seres humanos. A química ajuda, e muito, nisso tudo.

Fontes:

Santos, WLP dos, and Gerson de Souza Mól. “Química cidadã.” São Paulo: AJS 2 (2013).

REIS, Marta. “Química–Ensino Médio.” São Paulo: Ática 3 (2013).

www.dextrainternational.com/pesticide-residues-in-food-whats-the-picture-in-the-eu/ acesso em 16 de julho de 2020.

https://radios.ebc.com.br/brasil-rural/2018/05/pesticida-criado-no-inicio-do-seculo-19-banido-do-brasil-ha-mais-de-30-anos acesso em 16 de julho de 2020.